23 de agosto de 2007

Alegoria Pessoal

Erguido para sustentar um grande templo para Zeus, um único pilar que parecia já estar em queda foi motivo de grande confusão na cidade, assim foi convocado um grande sábio que viajava pelo mundo, famoso por fazer longas viagens tentando fazer suas idéias perfeitas se concretizarem no universo conhecido.

No entanto, este sábio demiurgo verificando a instabilidade desse antes sustentável pilar, começou a levantar um outro belo pilar para assegurar essa construção que já estava em ruínas.

O demiurgo sofria inúmeras acusações, dizendo que era tarde pra reconstruir um outro pilar, que o local estava em ruínas, era preciso aproveitar o material já existente e não consumir outros para criar um segundo pilar, o local estava prestes a desmoronar diziam, não havia outro jeito. O demiurgo ignorava, seguia em sua obra, era famoso e sábio, os mais velhos aprovavam sua decisão, os jovens e retóricos estrangeiros se prestavam a acusá-lo de louco e riam. A obra se seguiu, um novo pilar fora erguido, mas ainda parecia bastante instável a edificação.

Certo dia, como o esperado pela maioria, o cansado e mais antigo pilar se rachara, havia ele saído de seu local de origem e somente não se desmoronou porque ficou apoiado pelo novo e belo pilar que havia se levantado ali. De certo modo, como se o demiurgo soubesse exatamente em qual posição tombaria o pilar, parecia que a antiga edificação estaria estranhamente mais bela do que anteriormente, como se estivesse agora e somente agora completa, perfeita e acabada.

O demiurgo permaneceu a contemplar sua obra, como se fosse o verdadeiro arquiteto do antigo pilar, parecia acreditar em fado, conhecer o fim da história, no entanto, diferente do povo em sua volta que estava em grande euforia, ele não sorriu, continuava a observar, como se estivesse buscando respostas para problemas que ainda estariam a vir, mas ninguém sequer notou.

4 comentários:

Anônimo disse...

O demiurgo está alerta sobre a sorte deste segundo pilar, que como o primeiro há de ruir? Talvez ele ainda se pergunte se tem como contornar a sorte :)

Ou se teria como Zeus fazer uma dieta...

Leo.JPG disse...

Será que só destina a sorte a logica aristotelica ? Neste caso apenas o fato de "permanecer" ou "ruir". Porque não conceber a sorte algo além do terceiro excluido? Algo tão imprevisivel e imaginavel que levariam a propria lógica as ruinas, ou mesmo a inversão da lógica. Uma verdadeira anarquia fatorial que não leva em conta as probabilidades e estimativas. Trazendo assim a loucura para muitos e as respostas para poucos.

PS:Levando em consideração o post anterior recomenda uma mudança nutricional aos habitantes do Olimpo.

Ricardo Goulart disse...

Pra descomplicar digo-lhe que estamos em períodos onde o aristotelismo está sob influência da cultura árabe, logo, nós, a Igreja, proibimos qualquer menção à este. Mas o platonismo está aí, tanto que esse me inspirou a escrever a alegoria.

Bom divertimento.

Ricardo Goulart disse...

Por Zeus! Alguém joga pra cá um rabanete.